segunda-feira, 17 de março de 2014

Marcha serviu de estímulo a militares que deram o golpe

Resenha EB / Folha de São Paulo
16 Mar 2014

A primeira Marcha da Família com Deus pela Liberdade, realizada em São Paulo em 19 de março de 1964, foi um protesto contra o governo do presidente João Goulart (1961-1964) e serviu de estímulo para os militares que duas semanas depois deram o golpe que derrubou Jango.

A marcha foi uma espécie de resposta ao discurso de Jango no Comício da Central do Brasil, ocorrido seis dias antes, em que o presidente reafirmou seu compromisso com as esquerdas e as chamadas reformas de base.

Calcula-se que cerca de 200 mil pessoas tenham feito o trajeto da praça da República à praça da Sé carregando faixas contra o comunismo e o presidente. O golpe que depôs Jango logo depois abriu caminho para uma ditadura que durou 21 anos.

A manifestação contou com o patrocínio do Ipes (Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais), composto por elites empresariais favoráveis à abertura do país ao capital estrangeiro. O instituto contava com filiais em diversas capitais do país e foi responsável por forte esquema de propaganda que, no início da década de 60, divulgava os "perigos do comunismo".

A essa ideia se opunha um imaginário "ocidental e cristão" que encontrou grande adesão nas camadas médias urbanas, que se mobilizaram em diversas marchas que foram às ruas naquela época.

A historiadora Aline Presot, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, estudou, em sua dissertação de mestrado, as cerca de 70 passeatas desse gênero que aconteceram em dez Estados entre março e junho de 1964.

"Estamos falando tanto de grandes manifestações públicas nas principais capitais do país como de passeatas em pequenas cidades do interior, que podem ter partido da iniciativa de uma associação de comerciantes ou de uma paróquia", explica Presot.

Para a historiadora, isso indica que o fenômeno das marchas não pode ser considerado apenas efeito da propaganda anticomunista. Havia espontaneidade nos eventos.

Esses fatores não parecem tão fortes nas novas edições das marchas, avalia Presot. "Elas dificilmente poderão ser comparadas ao aparato de propaganda e organização com que contaram as manifestações anteriores ao golpe", justifica a historiadora.

"Mas isso não torna as Marchas da Família de 2014 menos significativas", diz Presot. "Elas nos revelam a faceta profundamente conservadora e autoritária da sociedade brasileira."
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