Terra / BRUNA SANIELE - Apesar do rebaixamento do rating da dívida dos Estados Unidos pelas agências de risco, o dólar ainda é considerado o destino seguro dos investidores que tentam fugir dos efeitos da crise internacional. A fuga em direção à moeda americana fez com que sua cotação subisse e atingisse R$ 1,95 na manhã de quinta-feira. Segundo especialistas, assim como fez no pregão de quinta, o Banco Central (BC) deve conter a alta expressiva da moeda que, em médio prazo, deve voltar ao patamar de R$ 1,70.
Na quinta-feira, o Banco Central (BC) promoveu a venda de dólares no mercado futuro para conter a alta da moeda americana. A moeda chegou a R$ 1,95, cotação que apareceu pela última vez no pregão em julho de 2009, mas voltou ao patamar de R$ 1,85 com a intervenção. Em outros mercados emergentes como Austrália, México e África do Sul a cotação do dólar também disparou na quinta-feira.
Para o gerente de câmbio da Fair Corretora, Mário Battistel, o foco dos especuladores mudou na última semana. Os principais motivos seriam o agravamento da crise da Grécia, que pode não honrar seus compromissos financeiros a partir do próximo mês, o rebaixamento do rating dos grandes bancos americanos (Bank of America, Wells Fargo e Citigroup, na última quarta-feira) e a divulgação, pelo FED (banco central americano) de que a recessão no país pode ser ainda maior que a prevista.
"O dólar é considerado um investimento seguro porque está vinculado ao Tesouro dos Estados Unidos. Nas últimas semanas, os investidores estavam aproveitando o Brasil para ganhar com os altos juros. Nessa última semana, o movimento especulativo fez com que os investidores procurassem investimentos mais seguros, e o dólar subiu", diz Battistel.
Para o professor de economia brasileira do Ibmec-RJ Mauro Rochlin, um possível calote grego prejudica bancos internacionais e, consequentemente, seus correntistas, por isso, o temor dos investidores e a procura por investimentos mais seguros é justificada. "A corrida por dólar é uma corrida por segurança, é a forma de os investidores se manterem seguros frente ao risco de uma crise ainda maior".
De acordo com o diretor da NGO corretora de câmbio, Sidnei Moura Nehme, a causa para a alta do dólar está no mercado de derivativos, não diretamente na crise internacional, que não atuaria no País de forma direta, mas marginal. Para ele, a volatilidade do mercado deve continuar nos próximos dias, mesmo com a atuação do Banco Central. "A médio prazo espera-se que o dólar volte ao patamar de R$ 1,70", diz.
Nas próximas semanas, Battistel crê que a volatividade dos mercados deve se manter e os especuladores continuarão apostando no dólar para lucrar com o aumento da moeda em mercados emergentes. "O BC vai tentar manter o dólar não tão alto, porque a alta das moedas influencia o preço das commodities e pode provocar o aumento da inflação, por isso a venda da moeda nos mercados futuros", diz.
Em médio prazo, diz Battistel, com a resolução da situação da Grécia e o controle da crise americana, é possível que a especulação no mercado diminua e a moeda atinja patamares mais baixos em relação ao real.
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