Resenha EB / Folha de São Paulo / ARLENE CLEMESHA - ANÁLISE - O pedido de ingresso da Palestina na Organização das Nações Unidas, seja como membro pleno ou observador, causou uma quase histeria no mundo diplomático norte-americano.
Se inicialmente a reação parecia exagerada, já que na prática nada muda e o Estado palestino será tão subjugado, dependente, fragmentado e economicamente inviável quanto são os denominados territórios ocupados, logo ficou explicado o motivo do alarme.
Pela primeira vez em 18 anos de "processo de paz", a Autoridade Nacional Palestina apresenta uma medida que aponta para a retirada da mediação das negociações israelo-palestinas do âmbito exclusivo norte-americano.
A liderança palestina, que por anos aceitou as condições dos EUA para garantir a sobrevivência financeira do seu aparato proto-governamental, finalmente rompe com o já morto "processo de paz" iniciado em 1993 em Oslo, em prol de uma iniciativa diplomática centrada na ONU.
Em segundo lugar, causa constrangimento ao governo israelense o fato de que troca-se não apenas o mediador para a paz, mas, evidentemente, o status do interlocutor palestino.
É inegável que a ousadia da proposta palestina reflete fortemente a conjuntura política em transformação no Oriente Médio. O recente recuo da posição americana na região coincidiu com a construção de alianças por parte da OLP, notadamente entre países da América Latina.
Salvo raras exceções como Colômbia e México, a América Latina hoje fala em uníssono na defesa do reconhecimento da criação do Estado da Palestina.
Desde 2008, 14 dos seus países já subscreveram o reconhecimento.
Na ONU, é significativa a multiplicidade de atores prontos a apoiar a abertura de conversações equilibradas entre Israel e a Palestina.
O Brasil, inclusive, já exerce um papel relevante nos territórios palestinos ao respaldar iniciativas que somam US$ 10 milhões, em ações coordenadas com outros vizinhos latino-americanos, para programas sociais, de saúde, e educação na Cisjordânia e faixa de Gaza.
Diante da possibilidade de uma retaliação norte-americana, com o corte da assistência de US$ 500 milhões por ano aos palestinos, o envolvimento brasileiro poderá adquirir importância ainda maior.
ARLENE CLEMESHA é professora de história árabe da USP e diretora do Centro de Estudos Árabes (DLO-FFLCH/USP) http://www.exercito.gov.br/web/imprensa/resenha;jsessionid=20170679AE2559ADC0EC4F4912A74B63.lr2?p_p_id=arquivonoticias_WAR_arquivonoticiasportlet_INSTANCE_UL0d&p_p_lifecycle=0&p_p_state=maximized&p_p_mode=view&p_p_col_id=column-3&p_p_col_count=1&_arquivonoticias_WAR_arquivonoticiasportlet_INSTANCE_UL0d_journalArticleId=1021077&_arquivonoticias_WAR_arquivonoticiasportlet_INSTANCE_UL0d_ano=2011&_arquivonoticias_WAR_arquivonoticiasportlet_INSTANCE_UL0d_mes=9&_arquivonoticias_WAR_arquivonoticiasportlet_INSTANCE_UL0d_dia=24&_arquivonoticias_WAR_arquivonoticiasportlet_INSTANCE_UL0d_struts.portlet.action=%2Fview%2Farquivo%21viewJournalArticle&_arquivonoticias_WAR_arquivonoticiasportlet_INSTANCE_UL0d_struts.portlet.mode=view
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